Pandemia exige cautela nas ruas, mas Sindicato mantém firmeza nas negociações
2020 a 2024
Em 2020, os Químicos Unificados realizaram eleição de 17 a 19 de fevereiro, com a implantação do mandato de 4 anos, devido a mudança do estatuto em 2019 que ampliou o período de gestão. O resultado foi de 96,13 de aprovação do total de 4.182 votos.
Logo depois, a Organização Mundial da Saúde – OMS declarou oficialmente a pandemia de COVID-19, no dia 11 de março de 2020, quando o Brasil já registrava mais de cem casos confirmados. O primeiro caso no país foi divulgado em 26 de fevereiro de 2020 na cidade de São Paulo. Menos de um mês depois, o Ministério da Saúde declarou o contagio em todo o país e o registro atualmente é mais de 39 milhões de casos confirmados e de 716.238 mortes.
A orientação da OMS foi pelo isolamento e distanciamento social para achatar a curva de contágio e evitar o colapso no sistema de saúde. O então presidente Jair Bolsonaro foi muito criticado por minimizar os efeitos da doença, não seguir a OMS, defendeu tratamentos sem eficácia comprovada, demorou a comprar vacinas e entrou em conflito com governadores e especialistas que discordavam.
O sistema de saúde passou por uma crise sanitária em 2021, quando o país começou a registrar mortes em filas de espera por leitos e alertas para possíveis desabastecimentos de oxigênio e produtos de intubação. O longo período da crise afetou o emprego e a educação em fase de alfabetização. A vacinação começou somente no início de 2021 quando os casos diminuíram 40%, assim como os óbitos. A vacina passou a ser oferecida anualmente para a população.
O Senado instaurou a CPI da Covid-19, uma comissão parlamentar de inquérito para investigar ações e omissões do poder público no combate à pandemia. O relatório apresentado em 26 de outubro de 2021, sugerindo o indiciamento de Bolsonaro e outras 65 pessoas por crimes relacionados à pandemia.
Ano de uma série crise política criada dia
após dia pelo presidente Bolsonaro, a irresponsabilidade ia além das falas grotescas e “piadas” absurdas, ao convocar e comparecer em atos contra a democracia, interferia nas investigações da Polícia Federal no Rio de Janeiro e terríveis declarações feitas durante a reunião ministerial de 22 de abril.
Por isso, os Químicos Unificados defendiam o Fora Bolsonaro, o impeachment e nova eleição presidencial. Protocolaram, representados pela Intersindical e com mais 400 entidades civis, movimentos sociais e partidos políticos, o pedido de impeachment do presidente da república. A luta incluía políticas de proteção social a toda população trabalhadora, em particular para as pessoas desempregadas ou na informalidade, não às demissões, aos cortes de salários e direitos, ao congelamento dos salários já defasados do funcionalismo público, da proteção das micro e pequenas empresas e a taxação das grandes fortunas.
Desde sempre, o Sindicato Químicos Unificados participa de movimentos e ações que atendam a sociedade como um todo. Dirigentes dos Químicos Unificados arrecadaram para doação cerca de 10 toneladas de alimentos, além de fraldas e produtos de higiene em solidariedade as várias famílias em situação de risco cadastradas em paróquias de Campinas, Comunidade Nélson Mandela e também movimentos como dos Vicentinos.
Uma informação que deixou o país comovido em outubro de 2021, foi que quase 20 milhões de brasileiros passavam períodos de 24 horas sem ter o que comer. Cerca de metade da população – 116,8 milhões de pessoas – sofria algum tipo de insegurança alimentar. Segundo levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) na época.
De acordo com o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, a situação foi piorando de forma acelerada sob o governo Bolsonaro, em dois anos o número de pessoas em situação de insegurança alimentar grave saltou de 10,3 milhões para 19,1 milhões.
Reportagem da Folha de S. Paulo apontou que desde 2014, o rendimento domiciliar real per capita do trabalho caiu de R$ 249 mensais para R$ 172, em média, na metade mais pobre do Brasil, segundo dados da FGV Social. Por isso, o Químicos Unificados defendeu o Fora Bolsonaro, antes da eleição de 2022.
Em fevereiro de 2022, mesmo com cerca de 70% da população imunizada com duas doses ou a vacina de aplicação única, a alta taxa de transmissão da cepa aumentou as internações em leitos de enfermaria e UTI. A maioria dos quadros graves estava concentrada em idosos, pessoas com comorbidades e não vacinados. Além de enfrentar o vírus, o Brasil ainda teve que encarar o negacionismo e a negligência do governo Bolsonaro. Os trabalhadores químicos tiveram que encarar o vírus de frente nas fábricas após a vacina, ainda tomando os cuidados ao voltar para casa e suas famílias.
O Sindicato Químicos Unificados reuniu em 2023 diversas organizações e parceiros para realizarem a 4ª edição do Festival de Agroecologia, Ecoturismo e Economia Solidária, um modelo alimentar, econômico e cultural mais inclusivo, com especialistas, MST e Rede Livres. O tema central foi o turismo rural arte, caminhadas em trilhas, gastronomia e reflexões sobre o momento político da produção de alimentos como ferramenta de regeneração ambiental, além da atuação do CEFOL, do Instituto Serra dos Cocais (ISC) e dos projetos da agência Ecopasseios.
Ano em que os Químicos assumiram mais uma colônia de férias em Caraguatatuba, além das outras duas, uma em Caraguá e a outra em Praia Grande, que estão reformadas. A unidade oferece 36 suítes que comportam até cinco pessoas, com completa infraestrutura de lazer: piscinas, parque infantil, churrasqueira e salão de jogos — tudo o que o trabalhador e a trabalhadora precisam para se divertir com a família. Na colônia de Praia Grande, três apartamentos são adaptados para pessoas com deficiência física. As colônias são uma conquista de cada trabalhadora e trabalhador sindicalizado que participa efetivamente do Unificados.
Desde 2024, os Químicos Unificados têm ido às ruas pelo fim da escala 6×1, pela isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação dos super ricos. Participaram do Plebiscito Popular, que reuniu mais de 1,5 milhão de votos favoráveis às pautas por justiça tributária e jornada digna de trabalho, divulgado em 2025.
Não bastasse o golpe e o ataque cruel aos direitos da classe trabalhadora com Temer, enfrentaram os desmandos do governo Bolsonaro, altamente comprometido com as elites brasileiras, com a milícia e com a direita conservadora.
Importantes avanços foram negociados além da pauta econômica, como salários, PLR e pisos nas Campanhas Salariais. Em 2024, inseriu na Convenção Coletiva de Trabalho, o Vale Alimentação para o setor Químico. Além de conquistas na convenção coletiva, o Unificados se posicionou na defesa dos trabalhadores na campanha dos químicos de 2016, em que a categoria rejeitou a proposta dos patrões de parcelar a reposição da inflação. Diante disso, o Sindicato não assinou e fez a luta fábrica a fábrica, o que resultou em acordos com empresas garantindo condições muito melhores que a proposta do parcelamento.
No setor farmacêutico, travou-se uma luta na campanha de 2005, em que o Sindicato não assinou o acordo, endureceu e conquistou nas campanhas seguintes um pacote de benefícios importantes como cesta de remédios, ampliação da licença-maternidade e a redução da jornada para 40 horas semanais, que passou a vale a partir de 2009.