Oposição conquista corações e mentes da categoria
1987 a 1990
Com o crescimento da oposição, a chapa que concorreu na eleição de 1987, esteve no ato de 1º de maio em Valinhos com faixas demonstrando a presença na luta pelos direitos trabalhistas. A CUT realizou uma convenção no dia 26 de abril, com mais de 70 trabalhadores, que escolheram companheiros da Oposição Sindical, chamada de Alternativa Química”, para renovar a direção.
A votação dá a vitória a Antonio Luiz de Souza (Tuim), que encabeçava a chapa, tendo Zé Mário como vice. Mas, foi preciso a realização de uma segunda votação, um 2º escrutínio, e a chapa de oposição perdeu por apenas 26 votos. A eleição foi fraudada, o significa fraude “engordar a urna com votos de uma determinada chapa”, ou ainda, na mesa da votação, não permitir fiscalização ou durante à noite.

No entanto, a oposição saiu fortalecida perante a categoria e a continuação da chapa da situação aumentou a insatisfação na base. A oposição sindical levava propostas nas negociações aos trabalhadores e às empresas, era quem puxava as greves, que organizava as Comissões de Fábricas, era combativa e respeitada, também recebia apoio de outras categorias na cidade, dos trabalhadores químicos da capital paulista e da CUT. Os patrões em Campinas não perdoaram e demitiram o companheiro Zé Mário.
Na eleição, José Joaquim saiu vitorioso, mas foi o período em que o sindicato se mostrou fraco nas negociações e junto da categoria, tendo muitas ações na Justiça trabalhista e dilapidação de patrimônio. O Boletim Mobilização Química de 13 de julho Ano III nº 19 trata do resultado da eleição realizada em maio que manteve a mesma direção no Sindicato.
O Boletim de 03 de agosto Ano III nº 20 muda o nome para “Unidade Química”. Neste informativo o Sindicato chamou uma greve geral para o dia 20 daquele mês. Ano em que trabalhadores da 3M fizeram uma greve de 6 dias, registrada no boletim de 24 de outubro Ano III nº 25.
A luta pelo adicional de turno veio ganhando força ao longa da década e teve seu auge após a aprovação da Constituição em 1988. O ano começou com assembleia sobre o adicional na Rhodia, tendo sido conquistado e o seu pagamento ocorreu a partir de fevereiro. O boletim de fevereiro de 1988 Ano III nº 30 anunciou que a luta foi vencedora na Rhodia, mas que a Gessy negou o adicional e não queria conversa.
A greve de 8 dias na Revel conquistou 60% de antecipação salarial, com pagamentos em agosto de 15%, setembro de 20% e outubro de 25%, e o objetivo de incorporar esse índice ao salário, informações no boletim de 15 de agosto de 1988 – Ano V nº 34. Foi um ano que também se registrou greve na Impassu no mês de novembro.
O boletim da oposição “Alternativa Química” de julho de 1988 – Ano 2 nº 3 chama os trabalhadores para uma assembleia e participarem da escolha de delegados para o ConCut – Congresso Nacional da CUT.
1989 foi um ano em que não há acervo de jornais ou boletins, apenas registros fotográficos da assembleia de campanha salarial no Sindicato em 07 de novembro de 1989, das greves na ICI de, 20 de março a 14 de abril, na Prodome (junho), na Heringer e Tecniplás (agosto), Hiplex e Poletileno (setembro) e mesa de negociação com a Rhodia e a CUT.
Situação frauda eleição de 1990 e oposição sai fortalecida
Em nova eleição no ano de 1990, entre os dias 22 e 25 de maio, a possibilidade da oposição vencer era de 80%, o que levou a situação a fraudar o processo. A violência marcou aqueles dias até mesmo com arma na cabeça dos integrantes da chapa da oposição.
Para validar a chapa a situação realizou uma assembleia com 400 trabalhadores na sede contrários à direção, que não tinha mais credibilidade na categoria, porque sabiam que teriam no máximo 20% dos votos.
O presidente José Joaquim saiu vitorioso, mas foi o período em que o Sindicato se mostrou fraco nas negociações e junto da categoria, tendo muitas ações na Justiça trabalhista e dilapidação de patrimônio. O Boletim Mobilização Química de 13 de julho Ano III nº 19 trata do resultado da eleição realizada em maio que manteve a mesma direção no Sindicato.


No início do ano, em Boletim de 08 de fevereiro nº 46 o título “Categoria reafirma José Joaquim na presidência”, informa que os demais integrantes da diretoria tentaram realizar uma assembleia para tirar José Joaquim do Sindicato, mas não conseguiram. O documento relembrou a assembleia realizada no dia 4, na sede do sindicato dos Metalúrgicos em que oficializou os diretores e que estariam à disposição às empresas. Critica os demais diretores e convoca os liberados, que foram afastados em 1988, afastando-os do Sindicato
Em registros arquivados, a situação convocou uma assembleia por edital publicado em 02 de fevereiro, sem identificação de jornal, com a pauta de: 1) manter a presidência e 2) manter diretores afastados em 1988. Os afastados foram à Justiça e conseguiram permanecer na direção.
O boletim de oposição Alternativa Química de fevereiro destaca que a luta e a combatividade que queriam implantar, um trabalho voltado para a base, presente nas fábricas, a importância da organização da categoria, que os trabalhadores “tornaram-se direção do movimento dentro das fábricas”.
No documento datado de 02 de maio, não consta o nome de José Joaquim como presidente. O edital publicado no Correio Popular em 24 de outubro convoca para assembleia de aprovação do balanço das contas do ano anterior.
Tensão e fraude marcam dias da eleição em 1990
Durante os dias da eleição em maio, Zé Mário*, que auxiliava a oposição na questão jurídica, contou que a situação não queria abrir mão do Sindicato e colocou pessoas para “atrapalhar o processo, para fraudar mesmo”, que foi preciso ficar quatro dias e quatro noites sem dormir rodando as fábricas ou na sede. O momento mais tenso foi para reunir as urnas, que normalmente eram levadas ao 8º Batalhão da Polícia Militar para garantir a segurança, teve urna que foram sequestradas, outras sumiram na Rhodia.
As ameaças eram reais, Zé Mário teve arma apontada na cabeça para não delatar a troca de urnas que estava vendo ocorrer dentro da casa. Depois que foi liberado conseguiu avisar os demais que as urnas tinham sido trocadas porque a situação ficou a noite inteira preenchendo votos, colocaram fogo em votos e fizeram outros, contando com a presença de bate-paus.
Quando a oposição ficou mais perto da apuração, percebeu que a situação havia chamado um advogado, conhecido por fraudar as eleições. O perigo era constante para todos que recebiam ligações ameaçadoras e precisavam andar armados, mesmo contra a vontade. Assim como, a demissão de integrantes da chapa de oposição: Amado Valério, Jorge Rodrigues e Santo Cavalli.
O dirigente Arlei Medeiros*, trabalhador da Ashland, contou um momento tenso naquele dia: ao chegar na sede, não sabia que os integrantes da oposição haviam sido expulsos a base da arma, então um porteiro do prédio próximo falou para ele “acho que você não está entendendo o pessoal foi expulso daqui na porrada, na bala e você chega aqui apavorando, por favor, vai embora senão vão quebrar você”.
A partir dessa irregularidade, a oposição buscou a Justiça para impugnar a eleição e a situação se estendeu até o ano seguinte. Enquanto isso, a oposição foi ganhando respeito e informando a categoria por meio de boletins.
Arlei contou que a oposição procurava inviabilizar a situação realizando diversas assembleias, não incentivavam a sindicalização, não aprovavam o assistencial, uma forma da situação receber recursos das empresas, faziam boicote ao imposto sindical. O estrangulamento financeiro do Sindicato levou a dilapidação do patrimônio do Sindicato para cobrir gastos com seguranças e bate-paus, deram o carro como garantia e continuaram recebendo de alguns patrões que sustentavam o grupo justamente para a direção não ser combativa e envolver os trabalhadores nas lutas.
O processo eleitoral foi judicializado pela oposição e entre o mês de maio de 1990 a abril de 1991, contou que a oposição procurava inviabilizar a situação realizando diversas assembleias, não incentivavam a sindicalização, não aprovavam o assistencial, uma forma da situação receber recursos das empresas, faziam boicote ao imposto sindical. O estrangulamento financeiro do sindicato levou a dilapidação do patrimônio do Sindicato para cobrir gastos com seguranças e bate-paus, deram o carro como garantia e continuaram recebendo de alguns patrões que sustentavam o grupo justamente para a direção não ser combativa e envolver os trabalhadores nas lutas.
Arlei relembra das dificuldades em militar no sindicato “eu mesma quando entrei na fábrica tinha que atuar clandestinamente, caladinho, eu só fui botar um pouquinho as asas pra fora quando eu me elegi vice-presidente da Cipa”. E reforçou que o importante era se mante empregado para ter o respeito dos trabalhadores.