1955 a 1964

A origem do trabalhador químico na região 

1955-1964

 

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas de Campinas e extensão de sua base territorial a Valinhos iniciou suas atividades com a assinatura da Carta Sindical em 10 de dezembro de 1955. A história do Sindicato está entrelaçada ao crescimento das empresas Gessy Lever, em Valinhos, e a Rhodia, em Paulínia. Assim, a primeira sede ficava na Av. Dom Nery, em Valinhos, próximo a Gessy e seus trabalhadores.

 

Cópia da carta assinada em 10 de dezembro de 1955 solicitando o início das atividades do Sindicato e o reconhecimento pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio em 19 de março de 1956.

 

A Gessy, nos anos de 1940 e 1950, era a maior anunciante no rádio e depois na televisão, com sabonetes, creme dental, produtos de perfumaria e posteriormente do ramo alimentício. A pequena fábrica na cidade de Valinhos foi comprada em 1887 e formalizada em 1895 como José Milani & Cia. Com o sucesso de produtos no mercado consumidor, em 1942 (há registros em que teria sido criada em 19321), José e Adolfo Milani, fundaram a Companhia Gessy Industrial. 

Ainda em 1942, o Grupo Solvay, que administra a Rhodia, iniciou a plantação de cana de açúcar, na antiga Fazenda São Francisco da Barra, onde hoje está localizada a cidade de Paulínia e a produção de álcool foi direcionada para abastecer a fábrica na cidade de Santo André, instalada no local desde 1919. A empresa abriu espaço para a instalação de outras fábricas de especialidades industriais e de produtos para consumo, além de outros, como fenol e solventes. Atualmente, o complexo abriga nove empresas de diferentes setores de atividade, entre eles produtos veterinários, agroquímicos, insumos farmacêuticos e látex e emprega cerca de 3 mil trabalhadores.

Em 1960, os Irmãos Lever, fabricantes de sabão, incorporam a empresa rival, passando a ser denominada de Indústrias Gessy Lever. Em 1978, inaugura nova fábrica na cidade de Vinhedo, com linha de produção voltada para a higiene pessoal. Desde então, continua incorporando novas fábricas e lançando novas marcas. Em 2001, a Gessy assume o nome Unilever. As empresas Merck Sharp em Campinas e 3M em Sumaré contribuíram na época compor o setor químico.

O Sindicato que já abrangia as cidades de Campinas e Valinhos, incorporou Paulínia e Sumaré em 1966.

 

Golpe Militar – tempos de violência

Com o golpe militar em 31 de março de 1964, os militares dão um Golpe de Estado e retiram a força do governo, o Presidente da República, João Goulart. Os Sindicatos foram vigiados e dirigidos por interventores enviados pelo Regime Militar para controlar os sindicalistas e não permitiam a luta pelos direitos dos trabalhadores. O Regime também fechou o Congresso, prendeu pessoas, ativistas, sindicalistas e políticos sem julgamentos, levando-os até a tortura e muitos à morte ou desaparecimento.

Para o Sindicato dos Químicos de Campinas, foi chamado um interventor da Rhodia de Santo André, José Improta, e Carlos Cremasco que trabalhava no almoxarifado na Indústria Milani, a Gessy, assumiu como vice. 

Violência, torturas, perseguições e morte aos que se opunham à ditadura como muitos trabalhadores.

 

Sindicatos Químicos no estado de São Paulo

É importante conhecer a história do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas de Osasco e Região, fundado em 15 de junho de 1963, isso porque em 2001, a categoria química, aprovou em plebiscito, a unificação dos Sindicatos de Campinas, Osasco e Vinhedo (que será detalhado mais a frente).

Em Osasco não teve a presença de interventor, mas uma diretoria pelega comandada por Afonso Kraus, que ocupou o poder por mais de 20 anos. Osasco conseguiu mudar essa história com a oposição vencendo a eleição de 1987, sendo um sindicato de vanguarda do novo sindicalismo, a gestão de 1987 a 1990 foi apresentada a transição para a diretoria colegiada, movimento que também ocorreu na primeira eleição democrática do Sindicato de Campinas, em 1993. É nos anos de 1990 que a história dos Sindicatos de Campinas, São José dos Campos, Osasco, Sorocaba e Vinhedo se encontram (será contada mais a diante).

O auge do movimento operário no Brasil nas décadas de 1900 a 1930 levou a fundação do Sindicato dos Químicos de São Paulo em 22 de janeiro de 1933, no bairro do Brás, para representar os trabalhadores da inglesa Companhia São Paulo de Gás. As perseguições aos trabalhadores na época eram muito intensas, devido ao regime ditatorial do Presidente Getúlio de Vargas, em dois anos, o Sindicato estava com as portas fechadas.  Em 1938 surge o Sindicato dos Operários e Empregados na Fabricação de Produtos Químicos Industriais, em 1940, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas de São Paulo recebeu reconhecimento oficial. Com o Golpe militar, os sindicatos assumiram atividades burocráticas e deixam a luta de lado.  A situação só foi mudar a partir de 1982, influenciada pelas grandes greves no ABC paulista em 1978, com a retomada do Sindicato e a eleição de uma diretoria combativa. Em 1985, a oposição dos plásticos também retoma o Sindicato e a histórias de lutas.

No ABC, o Sindicato dos Operários em Produtos Químicos e Similares de São Bernardo surgiu em 8 de outubro de 1938, por iniciativa de trabalhadores da Rhodia Química. No Vale do Paraíba, o Sindicato iniciou atividades em Jacareí (1963), e, em meados de 1980, em São José dos Campos e Taubaté. Ao final da década de 1990, o Sindicato realizou campanhas salariais unificadas com outros sindicatos do interior de São Paulo, como Campinas, Vinhedo, Sorocaba e Osasco, mas não concretizou a unificação em 2002.