Oposições sindicais vão ganhando espaço
1981 – 1984
Com a idade mais avançada, o presidente do Sindicato, Carlos Cremasco decidiu não concorrer mais a direção do Sindicato em 1981 e Ademar Veiga foi eleito ao cargo. O momento político do país colocava o sindicalismo na fase combativa e não mais assistencialista. As grandes greves no ABC foram ganhando mentes e corações em outras cidades e estados pelo país.
Uma ala do movimento sindical praticava o “Entrismo da Esquerda” – tática em que trabalhadores se “infiltravam” na direção dos Sindicatos para ter acesso aos trabalhadores da base e buscar mudar o pensamento da diretoria aliado aos patrões. O processo credenciava lideranças para a formação de oposição sindicais. Em Campinas, o Sindicato precisava de mudança frente a categoria, que não aguentava mais a exploração nas fábricas.
Em 1981, a capa do jornal exibe uma referência a Encíclica (carta do Papa aos fiéis) de Papa João Paulo II (Papado 1978-2005), referindo-se ao Papa Leão XIII (Papado 1878 a 1903), que foi o primeiro religioso a abordar questões sociais como direitos humanos, capitalismo e o sindicalismo efervescente no século XIX. Em outra capa de jornal uma referência ao Conclat – Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras temas debatidos na época que demonstravam o espírito de luta, mas na prática não era o que ocorria.
O primeiro registro em fotografia no Sindicato é do ano de 1982 sobre a realização de um festival de música com composições de trabalhadores da categoria. O jornal O Trabalhador Químico de março/abril de 1982 Ano IV nº 17 divulgando o “Fim de Carreira” – time vencedor do 1º campeonato de futebol promovido pelo Sindicato.
Sindicalismo se fortalece com a CUT
Em 28 de agosto de 1983 a CUT – Central Única dos Trabalhadores é fundada no 1º Conclat com objetivo de consolidar a luta de classes, defendendo a autonomia sindical e as diversas formas de organização e independência do Estado, governos e patrões. Do Sindicato de Campinas foram enviados 8 delegados para a Conferência. Entre os dirigentes da CUT estava o diretor do Sindicato dos Petroleiros de Campinas e ex-prefeito (1988-1992), Jacó Bitar.
Um período de renascimento de movimentos sociais como a criação do Partido dos Trabalhadores em 1980, porque o operariado percebeu a necessidade em ter um partido político que trabalhasse a pauta da classe trabalhadora participando da política.
Químicos na efervescência de novas lutas
Na eleição de 1984, Domingos Sávio, trabalhador da Rhodia, entrou na direção por ser permitida a participação em conjunto com a oposição, mas foi expulso pelo presidente reeleito Ademar Veiga devido ao seu modo combativo no movimento. Outro grupo de oposição, liderado por Bete (Merial) e Tuim (Rhodia), acreditava que os trabalhadores deveriam buscar conquistar a direção por fora. Veiga também lançou o jornal com o nome de Mobilização Química.
1984 contou com grandes greves em busca dos reajustes justos na Campanha Salarial na Shell, na 3M e 3 dias na Rhodia de 12 a 14 no mês de novembro. Na comunicação para a base foram distribuídos boletins sobre a pauta econômica, a questão do BNH e o financiamento da casa própria, além dos temas específicos das fábricas.
O jornal O Trabalhador Químico – de março/84 Ano VI nº 24 registrou a participação do Sindicato no ato público no Largo do Rosário, em 22 de janeiro, com mais de 10 mil pessoas sobre as Direta Já, no plebiscito pelas Diretas em fevereiro, resultado de 94% pelo Sim e 60 com mil votantes. Em março, esteve no bloco Unidos pela Diretas. Informou ainda que se o governo permitisse disponibilizariam ônibus para a ida à Brasília. Outro registro de atividade envolvendo o Sindicato em 18 de março daquele ano foi no Congresso da Mulher Trabalhadora com o envio de delegadas.
No jornal O Trabalhador Químico de agosto de 1984 Ano I nº 1, informou que a Comissão Feminina do Sindicato promove o 1º Encontro de Trabalhadoras Químicas em 15 de setembro, com a presença de lideranças da Federação dos Trabalhadores em Indústrias Químicas do Estado. Os boletins mudam o nome para “Mobilização Química” informando a nova diretoria, tendo Veiga como presidente. Em outros boletins do ano, aviso de assembleias da Campanha Salarial na Miracema, Rhodia, Shell e encontro de mulheres.